quarta-feira, 16 de abril de 2008

Principais Representantes do Pré-Modernismo

Euclides da Cunha: Repórter da GuerraTornar pública a realidade brasileira, foi uma das principais preocupações dos autores deste movimento. Euclides da Cunha, em Os Sertões, mostra a Guerra de Canudos de uma forma sem igual até hoje.Enviado especial do jornal O Estado de S. Paulo, Euclides viu de perto a realidade da região e os esforços dos moradores do local para se salvar dos ataques. Tem a obra dividida em três partes: A Terra, onde descreve com uma riqueza às vezes até triste de detalhes o sertão baiano, O Homem, onde descreve com o mesmo nível de riqueza o sertanejo, e A Luta, onde a Guerra propriamente dita é retratada. Euclides também fez uso de teses científicas e sociais quando rascunhou Os Sertões, mesmo que algumas já estejam envelhecidas quando comparadas às atuais. Positivista, florianista e determinista, é seu estilo pessoal e inconformismo caracterizam-no como um pré-modernista. Foi o primeiro escritor brasileiro a diagnosticar o subdesenvolvimento do país, diagnosticando os 2 Brasil (litoral e sertão).

Augusto dos Anjos: O Pessimista Augusto dos Anjos foi um dos autores que mais estavam distanciados da proposta do Pré-Modernismo. Percebe-se profundas influências parnasianas e simbolistas - além de pessimistas - em seus poemas, que foram publicados, mas somente depois de sua morte que foram vendidos com sucesso. Em seu auge parnasiano, publicou a coleção de poemas Eu. Sua obra é cientificista e profundamente pessimista, onde a morte é sempre vista como algo de que não se pode escapar jamais. Trabalhou, assim como parnasianos e simbolistas, com sonetos e verso decassílabo. Sua visão de mundo e a interrogação do mistério da existência e do estar-no-mundo marcam esta nova vertente poética. Há uma aflição pessoal demonstrada com intensidade dramática, além do pessimismo. Constância da morte, desintegração e os vermes. Percebe-se, também, grande ausência do lirismo presente na maioria das poesias da época. Sua poesia chocou a todos principalmente aos poetas parnasianos, mas hoje é um dos poetas brasileiros que mais foi reeditado.

Monteiro Lobato: A Realidade Brasileira...Utilizando uma linguagem simples, expressa as tensões sociais, políticas e econômicas daquela época. Lutou através da imprensa e pessoalmente, pelo saneamento, pela exploração do petróleo e o ferro, pela educação e saúde do país. Aproxima-se das ideias do Partido Comunista Brasileiro. Controvertido, ativo e participante, Lobato defende a modernização do Brasil nos moldes capitalistas. Faz uma crítica fecunda ao Brasil rural e pouco desenvolvido, como no Jeca Tatu (estereótipo do caboclo abandonado pelas autoridades governamentais) do livro Urupês. Curioso é que, na quarta edição de Urupês, o autor, no prefácio, pede desculpas ao homem do interior, enfatizando suas doenças e dificuldades.

Lima Barreto: O "marginal"De origem humilde, filho de pai português e mãe escrava, Afilhado do Visconde do Ouro Preto, conseguiu estudar e ingressar aos 15 anos na Escola Politécnica.Lima Barreto foi um grande crítico social. Era negro, vítima de preconceitos, utilizava-se de suas obras para denunciar a desigualdade social da época, rompendo com o nacionalismo até então constante em todos os autores pré-modernistas. Sua obra mais famosa foi o livro Triste Fim de Policarpo Quaresma, onde o personagem do título é um fanático nacionalista e que termina por descobrir o quão obscura é a realidade do Brasil. A obra é dividida em três momentos: no primeiro, Policarpo Quaresma, funcionário público, passa os dias estudando sobre o seu amado país, o Brasil. Envia um requerimento sugerindo que a língua oficial do Brasil tornasse-se o tupi guarani, língua nativa da região. Teve o pedido negado e fora internado num manicómio. No segundo momento, Policarpo, com a ilusão de que todas as terras de seu amado Brasil fossem férteis, aventura-se em comprar uma fazenda e plantar. Ele o faz numa fazenda chamada Sossego. A realidade mais uma vez lhe dá um tapa na cara, a terra não é tão fértil como ele pensava e ainda não conseguiu lidar com as represálias dos políticos da região. No terceiro e último momento, Policarpo retorna ao Rio de Janeiro.

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